
Em Marabá (PA), a prefeitura confirmou neste sábado,18, que mais dois recém-nascidos morreram no Hospital Materno Infantil (HMI). Agora, já são cinco mortes no hospital em 2025. Entre os dias 5 e 15 deste mês, outro recém-nascido e duas parturientes morreram no HMI.
Segundo a Prefeitura de Marabá, um dos bebês mortos neste final de semana é de uma gestante de 17 anos, que deu à luz no dia 15 deste mês. O bebê não conseguia respirar ao nascer. A criança foi submetida à ventilação mecânica e transferida para a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) do HMI.
Como o estado de saúde da criança não melhorou, no dia 16 foi feito o pedido de transferência para o Hospital Regional, de responsabilidade do Governo do Estado, mas não foi atendido. A criança acabou morrendo às 23h de sexta-feira (17).
Ainda segundo a nota da prefeitura de Marabá, outra gestante chegou ao HMI vinda de Rondon do Pará, sem regulação. Uma ultrassonografia realizada em Rondon já teria indicado ausência de sinais vitais do bebê. "A equipe do HMI constatou que, de fato, não havia sinais vitais no bebê e, por isso, foi realizado cesariana de urgência", diz a nota.

A crise no HMI acabou levando com que, no dia 16, uma comissão de vereadores se reunisse com a direção do hospital para cobrar providências (foto ao lado).
Estiveram presentes os vereadores Ilker Moares, Cristina Mutran, Orlando Elias, Dean Guimarães, Marcelo Alves, Jocenilson Silva, Priscila Veloso, Miterran Feitosa, Maiana Stringari e Vanda Américo.
Os parlamentares foram recebidos pelo médico Fábio Farias, diretor do HMI, que reconheceu que a nova gestão precisa dar uma resposta à sociedade, não apenas com palavras, mas com ações efetivas.
Segundo Farias, as condições de trabalho no HMI são ruins e falta profissionais. "Um ambiente ruim de trabalho atrai funcionário ruim. É preciso uma melhora na condição, na reputação e gestão técnica no HMI, desde a portaria até quando a paciente sai do hospital. Precisamos ter protocolo de atendimento, para o profissional ter um caminho a seguir. Assim teremos melhor resultado. Não temos profissional para a cobertura completa”, reiterou.
O presidente Ilker Moraes disse que os vereadores querem entender o que está acontecendo. “Nós queremos a melhoria do serviço público. Parece que aqui há falta de profissionais especializados para atendimento à população”, analisou Ilker.
A vereadora Priscila Veloso disse que é preciso fiscalizar e convocar a Organização Social Madre Tereza - responsável pela gestão do HMI, o secretário de saúde e o diretor do HMI para que expliquem o descumprimento contratual. “Acho que precisando fiscalizar de perto e não aceitar como está sendo feito. É preciso que a OS disponibilize especialistas como diz o contrato”, destacou.
A vereadora Vanda Américo concorda com Priscila Velos. "A direção do hospital e o secretário de saúde devem tomar uma atitude para que se cumpra o contrato e seja entregue o que diz nele", disse Vanda.
Uma reunião foi marcada entre a atual gestão do município, a OS Madre Tereza e os vereadores da Câmara Municipal de Marabá para discutir melhorias no atendimento no HMI, mas data e local não foram divulgados.

Toni Cunha critica blogs
Enquanto isso, o prefeito Toni Cunha (PL) usou as redes sociais para criticar o que ele chamou de "blogs de esquerda". Segundo Toni, esses veículos estariam criando pânico, fomentado o medo nas usuárias do HMI de Marabá, denegrindo o corpo técnico do hospital e fazendo "política rasteira em cima de mortes de bebês e mães carentes".
Toni Cunha (na imagem acima) apresenta algumas justificativas para as mortes recentes no HMI e diz que já determinou "apuração rigorosa de cada caso".
O prefeito de Marabá atribui as manchetes negativas, nesses primeiros dias de seu governo, à oposição de esquerda que estaria sofrendo com a "abstinência de dinheiro público". Toni chamou os veículos que o criticam de "bloguetes amadores" e garantiu que não receberão "um centavo do dinheiro suado do povo de Marabá".
Abaixo, o inteiro teor da postagem de Toni Cunha, em seu perfil oficial do Facebook, publicada neste sábado (19).
Lamentável ver “blogs” de “esquerda”, em abstinência financeira e pagos por quem já conhecemos, fazer política rasteira em cima de mortes de bebês e mães carentes. Aos 18 dias de governo, sabemos da carnificina nos hospitais de Marabá, abandonados há décadas. E estamos lutando para amenizar esse sofrimento. Contudo, é criminoso, e tomaremos a providências legais, que essas pessoas criem pânico em mães, atribuindo culpa a médicos que, em alguns casos, lutaram para salvar os bebês. E em outro, por exemplo, já receberam uma mãe de Rondon, com um bebê morto em seu ventre, conforme ultrassom já trazida por ela mesma. Já determinei a apuração de cada caso e a divulgação de cada “causa mortis”. Com relação a esses “bloguetes” amadores já lhes adianto, a abstinência pela falta de dinheiro vai aumentar. NÃO RECEBERÃO UM CENTAVO DO DINHEIRO SUADO DO POVO DE MARABÁ.
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