
Os alemães foram às urnas, neste domingo, 23, para escolher seus novos congressistas e definir quem comandará a maior economia da Europa. Vivendo seu pior momento econômico em 30 anos, e diante da nova conjuntura internacional estabelecida a partir da posse de Donald Trump nos EUA, a Alemanha abandona a social-democracia e abraça a democracia-cristã.
Segundo os primeiros resultados, os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e da União Social Cristã (CSU) terão perto de 30% dos votos e Friedrich Merz (acima na foto, discursando a seus apoiadores, hoje) deverá ser o novo chancelar alemão, substituindo o inexpressivo Olaf Scholz.

Em segundo lugar, ficou a AfD, que pode se consedirar a grande vitoriosa dessas eleições alemães. Liderada por Alice Weidel (na foto ao lado) e considerada de "extrema-direita", a AfD obteve nada menos que 21% dos votos, o dobro de seu melhor resultado, alcançado na eleição anterior e tornou-se uma força difícil de ser ignorada.
A SPD, social-democrata, de Olaf Scholz, conseguiu apenas 16,5 dos votos; os Verdes alcançaram 11%; e a Die Linke, de esquerda, obteve cerca de 9% dos votos.
A CDU/CSU deverá estabelecer coligações com outras siglas para formar o governo de Merz e deve evitar unir-se à AfD. O mais provável é que seja formado um governo de coalisão entre o grupo de Merz e os sociais-democratas, talvez até com participação dos Verdes.
Enquanto Merz monta suas alianças, Scholz fica no cargo. Normalmente, o processo de formação de um novo governo se arrasta por semanas ou meses. Contudo, desta vez é possível que o cronograma seja acelerado.
Claramente, os líderes têm pressa em livrar-se de Scholz e começar a dar respostas à crise econômica e à nova realidade geopolítica estabelecida pela aproximação entre EUA e Rússia.
No que se refere à economia, o grande problema parece ser como recuperar a liderança na produção industrial perdida na Europa. Isso passa por resolver problemas como escassez de energia (considerando que a Alemanha abriu mão da energia nuclear e é dependente de petróleo e gás russos), crise da mão de obra (uma das mais caras da Europa), a questão migratória e o sempre polêmico corte de gastos públicos.
Em relação à política externa, a Alemanha e as demais nações da Europa estão sendo ignoradas por Trump e Putin. Sob Scholz, a Alemanha tornou-se a segunda maior fornecedora de armas para a Ucrânia (atrás apenas dos EUA, durante a gestão Baiden). Trump já estabeleceu que não apenas cortará toda ajuda militar à Ucrânia, como está exigindo pagamento ou garantias para os empréstimos feitos pelos EUA ao governo de Zelensky.
Na prática, Trump está informando à Alemanha e à Europa que os EUA não reconhecem Putin como ameaça real e vão direcionar seu poder e força contra a China. “Que a Europa lide com Putin”, parece afirmar o presidente americano.
Assim, cada dia que Scholz permanece no poder é um dia a mais de desgaste e perda de prestígio internacional para a Alemanha. Scholz não perdeu as eleições porque ajudou a Ucrânia em sua guerra contra a Rússia; ele perdeu porque não soube ganhar a guerra.
Com poucas opções, além dos sociais-democratas e dos verdes, caberá a Friedrich Merz escolher o mais rápido possível com quem vai tentar dar rumo à combalida Alemanha que herdou de Scholz.
Comments