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"Ele anda armado e eu não", diz vereador ameaçado pelo prefeito de Marabá. Câmara avalia crise na segunda

Toni Cunha - "Vereador ficou nervoso e criou história"
Toni Cunha - "Vereador ficou nervoso e criou história"

Ainda repercute em Marabá, sudeste do Pará, o mais recente round da luta duríssima travada entre o prefeito da cidade, Toni Cunha (PL) e a Câmara Municipal. Desta vez, Toni está sendo acusado de imputar a três vereadores uma tentativa de favorecimento indevido e ameaçar o vereador Marcelo Alves (PT), que registrou boletim de ocorrência nesta quinta-feira, 13. A conduta de Toni passa agora a ser investigada pela polícia e pode até ser enquadrada como quebra de decoro.


Enquanto os diversos partidos políticos da cidade discutem o que fazer, a Mesa Diretora da Câmara Municipal se reúne na segunda-feira, 17, para definir os próximos passos do Legislativo e nenhuma hipótese está descartada, entre elas a convocação de Toni Cunha para que venha se explicar perante os vereadores.


Considerado por muitos parlamentares como "desrespeitoso" e "perigoso", de fato, o comportamento do prefeito de Marabá chama à atenção, desde sua posse, pelo uso excessivo das redes sociais e pelo tom quase sempre debochado ao tratar seus adversários políticos. Isso vem repercutindo de forma cada vez mais negativa no meio político.


A veterana vereadora Vanda Américo (União) já implorou para que "alguém tome o celular da mão desse moço", referindo-se à fixação que Toni Cunha tem por enviar vídeos através do aparelho. Já o vereador Ilker Moraes recomendou que Toni "vestisse calças e se comportasse como homem". O deputado Chamonzinho, que enfrentou Toni nas eleições do ano passado, afirmou que o prefeito de Marabá precisa "desmontar o palanque e parar de agir como youtuber".


Tensão desde a posse


Desde a posse, em 1º de janeiro deste ano, quando não conseguiu emplacar o presidente da Câmara, Toni cultiva uma crescente animosidade com o Parlamento Municipal, apesar dos acenos de paz feitos pelo presidente Ilker Martins, que derrotou o candidato de Cunha por ampla margem.


A partir do retorno dos trabalhos legislativos, em fevereiro, a gestão de Cunha vem sendo duramente contestada pela maioria dos vereadores, principalmente por conta de uma grave crise na saúde pública e sérios problemas na educação.


Enquanto isso, o apoio ao prefeito continua minguando. Recentemente, o vereador Orlando Elias (PSB), resolveu se afastar da base governista. Agora a oposição tem dois terços do Parlamento e pode ser uma enorme dor de cabeça para Cunha, que não demonstra nenhuma habilidade ou qualquer disposição para se entender com os vereadores.


A crise mais recente


Marcelo Alves - "Jamais pedi um copo d'água ao prefeito"
Marcelo Alves - "Jamais pedi um copo d'água ao prefeito"

Dias atrás, Toni afirmou que vereadores - não identificados pelo prefeito - teriam exigido a Diretoria de Logística (Dilog) da Secretaria Municipal de Educação (Semed), responsável pelo transporte escolar, entre outros serviços, e que movimenta somas elevadas de recursos. Na época, Toni também reconheceu que não tinha como provar a chantagem.


Na primeira versão de Toni, os vereadores achacadores seriam, inclusive, de própria base de apoio do prefeito. Recentemente, Toni mudou a história e, através do vereador Jimmyson Pacheco (PL), botou em circulação uma nova versão, envolvendo os vereadores Ilker Martins (MDB), presidente da Câmara de Marabá, Marcelo Alves (PT), 2º vice-presidente e Jocenilson Silva (PRD). Eles estariam pressionando para, segundo Cunha, assumir a Dilog e "roubar" o órgão público.


Em um grupo de troca de mensagens, Marcelo Alves demonstrou sua indignação. "Jamais pedi um copo d'água sequer ao prefeito", disse Marcelo e arrematou dizendo que divulgar uma acusação dessa natureza era "comportamento de prefeito vagabundo". A manifestação de Marcelo Alves não tardou a chegar até Toni Cunha que, ainda na noite desta quinta-feira, 13, enviou mensagens de audição única que foram interpretadas como ameaçadoras pelo vereador marabaense (veja o vídeo ao final da postagem).


As mensagens foram gravadas e entregues à Polícia Civil, durante o registro de Boletim de Ocorrência, feito pelo vereador Marcelo Alves.


No áudio é possível ouvir Toni Cunha dizer: "Eu vou esperar para tu me xingar na minha frente, que eu quero ver se tu é homem (sic). No grupo de vereadores é fácil". Marcelo questionou se Toni o estava ameaçando. Toni negou, mas depois acabou reiterando a ameaça: “Você tá com medo? Eu tô te pedindo pra você fazer isso na minha frente. Vai ter coragem ou vai ser só no grupo? Faz isso. Eu tô esperando, vai!”


Previsivelmente, Marcelo Alves se sentiu ameaçado e tratou de procurar a Polícia para se resguardar. "Ele anda armado, eu não", disse Marcelo, lembrando que Toni Cunha já afirmou que sempre anda com "a pistola na cintura".


Na manhã desta sexta-feira, 14, Toni Cunha desdenhou da alegada ameaça ao dizer que "o vereador ficou nervoso e criou essa história de uma ameaça", mas confirmou que enviou as mensagens ao vereador, apesar de negar tê-lo ameaçado. Toni disse também que vai ingressar com um processo contra Marcelo Alves por conta da denúncia feita à Polícia Civil.



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