
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira, 7, que pode tomar medidas “mais drásticas” para baixar o preço dos alimentos e culpou os “atravessadores” pelo inflação no país. Entretanto, Lula não explicou que medidas seriam essas. O pronunciamento ocorreu durante evento do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em Campo do Meio (MG), quando anunciou a entrega de 12.297 lotes em 138 assentamentos, totalizando 385 mil hectares espalhados em 24 estados do país.
Esta foi a primeira vez, neste terceiro mandato, que Lula visitou um acampamento do MST. Parece claro que, com a popularidade em queda livre, Lula tenta se reaproximar da chamada "militância xiita" do Partido dos Trabalhadores (PT). Depois de nomear a presidente do PT Gleisi Hoffmann para a poderosa Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Lula agora corre atrás do apoio do MST.
Ao mesmo tempo, Lula sabe que cai antes do fim do mandato caso não consiga manter o Centrão saciado com verbas e cargos. O problema é que a verba está curta e os cargos ocupados. Assim, andando à beira do precipício, Lula tenta engabelar a todos com o mesmo discurso tantas vezes visto. A esperança de Lula é que a prisão de Jair Bolsonaro, cada vez mais próxima, fragmente o campo conservador e permita sua reeleição.
Inflação em alta
Sobre a inflação dos alimentos, Lula diz que o governo quer encontrar uma solução pacífica, "mas se a gente não encontrar, a gente vai ter que tomar atitudes mais drásticas, porque o que interessa é levar a comida barata para mesa do povo brasileiro”, afirmou, defendendo que também é preciso pagar um preço justo aos produtores.
“A gente não quer que o produtor tenha prejuízo. O que nós precisamos é saber que tem atravessador no meio. Entre o produtor e o consumidor deve ter muita gente que mete o dedo no meio. E nós vamos descobrir quem é o responsável por isso”, reforçou.
Na quinta-feira, 6, Lula anunciou algumas medidas para reduzir os preços dos alimentos ao consumidor, entre elas a isenção do imposto de importação de nove produtos alimentícios considerados essenciais.
A medida incidirá sobre café, azeite, açúcar, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoitos, macarrão, carnes. Mas, seu impacto deverá ser mínimo. Os itens isentados representam apenas 1% de todas as compras brasileiras no mercado exterior.
Produtores criticam
Não à toa, as medidas de Lula foram duramente constestadas pelas lideranças do agronegócio. Todos entendem que inflação alta e juros ainda mais altos são resultados da política econômica de Lula, que faz aumentar a dívida pública e acaba encarecendo o custo do dinheiro que é tomado emprestado pelos produtores.
Para piorar, Lula tem feito poucos investimentos em infraestrutura de transportes. Recentemente, repercutiu nacionalmente o caso de uma ponte ligando o Pará ao Tocantins, concluída há um ano, que até agora não é usada por falta dos acessos em suas duas cabeceiras. Transporte precário e caro acaba encarecendo também os alimentos.
Ao incentivar a importação de itens que consumimos pouco ou que é produzido com melhor qualidade e em maior quantidade pelos produtores nacionais, Lula joga para a plateia e evita reconhecer que ele e seu governo são os responsáveis pela escalada inflacionária.
Por outro lado, sua reaproximação com o MST pode servir como estímulo ao movimento para promover um festival de invasões durante o mês de abril, gerando mais conflitos e insegurança jurídica na área rural.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou nota na qual critica duramente as medidas de Lula. Leia a íntegra a seguir.
A redução mais eficiente para combater a inflação de alimentos é a colheita da safra brasileira que ocorre nos próximos meses e a correção de ações que impactam diretamente o custo de produção no Brasil.
Importante registrar: O problema da inflação não é a oferta de alimentos. O governo federal tenta criar a narrativa de buscar soluções, quando o problema está concentrado no seu próprio desequilíbrio fiscal, responsável por onerar os custos e por alavancar a inflação;
Não é transferindo o ônus de bancar o desequilíbrio do gasto público do governo para os produtores rurais que teremos uma comida mais barata e uma produção economicamente viável.
As medidas apresentadas pelo governo federal, nesta quinta-feira (6), são pontuais e ineficazes para efeito imediato, especialmente quando se gasta recurso interno ao zerar impostos para produtos importados, sem garantir o reforço ao apoio da produção brasileira.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ressalta a necessidade de iniciar as tratativas do novo Plano Safra 25/26, com a garantia de implementação total de recursos, do acesso pleno e com juros adequados aos produtores rurais brasileiros;
Aguardamos ainda um retorno do governo federal sobre as medidas estruturantes de curto e médio prazo apresentadas pela FPA, em conjunto com o setor produtivo nacional, na última sexta-feira (28), ao Ministério da Fazenda e à Casa Civil.”
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