
A confrontação entre índios de diversas tribos e o governo do Pará em torno da revogação da Lei 10.820 e da demissão do secretário de Educação, está favorecendo a ocorrência de episódios curiosos, para dizer o mínimo. Tem de tudo um pouco.
Um exemplo de situação, digamos, "diferente", é o caso do juiz federal Felipe Gontijo Lopes, de Santarém.
Gontijo decidiu, na quinta-feira (23), mandar desobstruir a Rodovia Santarém-Cuiabá e fixou até multa para quem impedisse o tráfego. Menos de vinte e quatro horas depois, Sua Excelência reformou a própria decisão e criou a "interdição com hora certa".
De acordo com o novo pronunciamento da Justiça, ficou estabelecido que os índios podem fechar a via das 10:00 às 10:30 e das 15:00 às 15:30.
Alguns santarenos bem-humorados estão se perguntando se nos demais horários outros grupos de interesse poderiam agendar protestos e interromper o tráfego na rodovia federal.
Gontijo designou ainda audiência para a realização de "diálogo intercultural". Seja lá o que for, o tal diálogo deve acontecer no dia 27 de janeiro, às 14:30, com a presença do MPF, DPU e FUNAI.
É o caso de se desejar sorte aos envolvidos e que a "interculturalidade" consiga impedir que grupos de pressão (por mais legítimos que sejam), se deem ao desfrute de interromper o tráfego, prejudicando o transporte de cargas e passageiros.
Foi liberar e acabou preso
Enquanto isso, em Belém, um emissário do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que chegou com a missão de ajudar a retirar os índios do prédio da Seduc, acabou retido pelos manifestantes (na foto abaixo).

Segundo o relato do site Ver-o-Fato, uma liderança indígena confrontou o representante do MPI. “Você ficou no primeiro dia aqui e depois sumiu. Eu até achava que você não estava mais aqui. Ontem vimos que você estava numa coletiva de imprensa. Se você veio pra ficar com a gente, a partir de agora você vai ficar aqui”, disse uma liderança.
O representante bem que tentou se explicar, mas os indígenas exigiram que permanecesse com eles e acionasse a ministra Sônia Guajajara e Lula. Segundo os manifestantes, “a ministra precisa falar com Helder. Ela não é amiga do Helder? Não fica tirando foto por aí com o Helder?”
Por fim, outro fato que, apesar de não ser inédito (chegando mesmo a ser previsível e corriqueiro), mesmo assim é digno de nota: veículos como O Liberal, Diário do Pará e demais sites aderentes entraram em silêncio obsequioso sobre as manifestações no Pará e as ignoram solenemente. Por que será? Quem arrisca uma resposta?
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