
NOTA IMPORTANTE: O Governo do Pará afirma que não houve transferência de dinheiro à Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio. O recurso teria sido obtido através por empresas que atuam no Pará, beneficiárias de incentivos fiscais.
Por volta de 1 hora da manhã desta quarta-feira, 5, ao custo de R$ 15 milhões tirados diretamente dos cofres públicos paraenses, a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio “prestará uma homenagem” ao Estado do Pará, no “sambódromo” da Marquês de Sapucaí, na cidade do Rio de Janeiro.
Apesar de alguns engraçadinhos sugerirem que o enredo deveria ser "A Chegada do Rei do Norte à Corte da Rainha de Sabá", segundo o briefing distribuído à imprensa pelos “carnavalescos” da escola de samba, “o enredo conta a história de três princesas turcas que se encantaram no meio do oceano e aí chegaram em nossas terras e se tornaram caboclas", diz Gabriel Haddad.
Ainda de acordo com o material promocional, a “Acadêmicos do Grande Rio propõe um mergulho nas águas amazônicas e uma jornada mística à cultura do Pará, com o enredo "Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós".
"Elas passam por um processo de encantamento, atravessam o Espelho do Encanti, chegam às praias do Grão Pará, se tornam protagonistas do Tambor de Mina paraense, que é um complexo religioso único", fala Leonardo Bora um dos responsáveis pelo desfile da Grande Rio.
Para financiar o tal “mergulho” e a tal “jornada mística” foi assinado pelo governador Helder Barbalho, segundo o jornalista Ancelmo Gois, um termo de fomento que transferiu R$ 15 milhões para a escola de samba carioca. Além de garantir a “homenagem” ao Pará e a sua cultura, essa bufunfa deveria bancar telões em várias cidades paraenses, como Belém, Santarém e Marabá. Parece que só Belém terá acesso ao mimo.
Não é a primeira vez que dinheiro do contribuinte é usado para financiar “homenagens” ao Pará. A mais recente foi em 2013, durante o governo do tucano Simão Jatene, que pagou para a Imperatriz Leopoldinense “homenagear” o Estado com o tema “Pará - O Muiraquitã do Brasil. Sobre a Nudez Forte da Verdade, o Manto Diáfano da Fantasia”, que ficou em quarto lugar no grupo especial.
A desculpa é sempre a mesma: desfile no "sambódromo" do Rio gera "visibilidade de marca" e atrai turistas ao Pará. Afinal, como se sabe, turistas consultam sempre os desfiles das escolas de samba cariocas antes de viajar, para escolherem seus destinos, não é?
Brincadeiras à parte, para atrair turistas precisamos é de infraestrutura hoteleira e viária, mão de obra capacitada para atender e servir bem quem visita nosso estado e passa por garantirmos serviços bem básicas, como segurança pública, por exemplo. Mas, coisas assim dão trabalho e custam caro. Melhor mesmo investir nas princesas turcas que viram caboclas, que viram enredo, que viram dinheiro para escolas de samba do RJ!
Em compensação, os módicos R$ 15 milhões nos dão direito a um brinde delicioso: ver a Paolla Oliveira à frente da Bateria Invocada da Grande Rio.
No mais, sorria, porque se você nunca foi à Marquês de Sapucaí, seu dinheiro foi!
A seguir confira o samba-enredo que nosso suado dinheirinho pagou:
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