
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Pará (Sindsaúde), de Parauapebas, Marden Lima gravou um vídeo que começou a circular nesta quinta-feira, 20, nas redes sociais e grupos de troca de mensagens, confrontando de forma incisiva o prefeito Aurélio Goiano (Avante). No vídeo o sindicalista questiona se Goiano é "doido" ou "mau-caráter".
Ao longo de 7 minutos, Marden Lima enumera situações nas quais Aurélio Goiano já caiu em contradição.
O presidente do Sindsaúde se referiu aos servidores que foram aprovados no último PSS realizado pela Prefeitura de Parauapebas. Para eles, Goiano prometeu que renovaria por, no mínimo, seis meses os seus contratos. Mas a coisa não foi bem assim. Na cadeira de prefeito, Aurélio Goiano não renovou o PSS e passou a contratar servidores de forma direta com base no Decreto 666/2025, que é contestado na Justiça.
Marden também citou o caso dos 221 agentes comunitários de saúde (ACS), para quem Goiano prometeu todo apoio, tendo votado a favor do projeto que os incluiu no quadro da prefeitura e destinou até emenda orçamentária para ajudar no pagamento dos novos servidores. Uma vez eleito prefeito, Aurélio mandou vetar o projeto e apresentou outro com menos da metade das vagas, dividindo de vez o movimento dos ACSs. O sindicalista pergunta se esse comportamento contraditório é "doidice" ou "mau-caratismo".
O prefeito de Parauapebas elegeu-se dizendo que iria "desmamar" os "caititus" da Prefeitura de Parauapebas. Goiano se referia aos chamados "aspones" que, segundo ele, eram numerosos na gestão do prefeito Darci Lermen. Marden lembra que, nos primeiros dias de governo, Aurélio mandou à Câmara Municipal projeto de lei criando quase 600 novas vagas de assessoria, que a oposição chama de "mamadeiras". O projeto foi aprovado e é constestado na Justiça, que mandou suspender as nomeações e marcou audiência para a próxima terça-feira, 25.
Por fim, Marden enumera os casos de nepotismo ou favorecimento indevido de familiares de políticos locais e regionais, o que contraria em tudo a pregação moralizadora de Goiano durante a campanha eleitoral de 2024.
Em grande medida, Marden Lima tem razão. De fato, o comportamento de Aurélio Goiano desafia à compreensão até seus defensores mais fanáticos. A doutrinação moralizadora do candidato Goiano não dialoga com as decisões do prefeito Goiano. O primeiro a perceber isso, por incrível que pareça, foi o vereador Sargento Nogueira (Avante), que colocou Aurélio, por duas vezes, em menos de 20 dias, em saias justíssimas.
Nogueira se manifestou, durante seu discurso de posse, contra nomeações de pessoas com "passado questionável" e, poucos dias depois, votou contra o Projeto de Lei 001/2025, que criou as tais "mamadeiras". "Não foi isso que falamos na campanha", chegou a dizer Nogueira. Falou, talvez por ingenuidade, o que muitos já haviam percebido. Com o passar dos dias, não se sabe exatamente porque, diminuiu os decibéis das críticas e passou a receber os secretários contestados em seu gabinete, um sinal claro de pacificação.
Afirmar o "mau-caráter" do prefeito de Parauapebas é ir um pouco além do razoável. Goiano usou um discurso moralizador para se eleger e, uma vez eleito, tratou de estabelecer uma rede de acordos capaz de mantê-lo no poder. Tudo friamente calculado. Parece claro que de "doido" Aurélio não tem nem o caminhar.
Veja o vídeo a seguir.
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