
O presidente norte-americano Donald Trump anunciou tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio. Os novos índices devem começar a valer a partir do início de março. Apesar do Brasil ter se tornado um dos principais fornecedores desses produtos para os Estados Unidos, líderes do setor de aço e alumínio acreditam que o impacto da medida seja limitado.
Como o mercado interno brasileiro é enorme, eventuais quedas nas exportações de aço e alumínio aos EUA seriam compensadas com maiores vendas internas e redução das importações desses produtos.
Em 2023, o Brasil faturou 339 bilhões de dólares com exportações e em 2024, este valor ficou em 337 bilhões de dólares. As exportações de aço e alumínio somam pouco mais de 3 bilhões de dólares.
Para o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, ouvido pelo portal DW, o mercado interno pode ajudar a absorver o impacto negativo da medida sobre as exportações. "Comparado à produção, a exportação brasileira é pequena. A indústria depende muito do mercado interno, tanto de aço como de alumínio. Claro, as empresas querem continuar a exportação. É importante, em dólar, um mercado premium. Mas o impacto não é tão grande", disse Barral.
Arno Gleisner, diretor de Comércio Exterior da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil, acredita que levará um tempo até que a produção nacional americana ocupe o espaço deixado pelas importações. "A aplicação de taxas para importação de aço nos Estados Unidos foi estendida a todos os exportadores. Favorece a indústria americana, mas esta não poderá atender o mercado em substituição às importações, pelo menos no curto e médio prazo. Então em princípio não ocorreria uma situação desfavorável para o Brasil", disse.
Gleisner ainda acredita que a estratégia de disputa tarifária do presidente americano não deve recair exclusivamente sobre o Brasil e deverá ser mais intensa em relação àqueles que vendem mais do que compram dos EUA. "Uma busca de uma equalização de taxas por parte dos Estados Unidos com o Brasil é pouco provável, pois hoje os Estados Unidos já contam com uma balança comercial favorável em relação ao Brasil. Esta equalização de taxas é muito mais provável que ocorra com países com os quais os Estados Unidos têm déficit na balança comercial."
Em 2024, as vendas brasileiras de aço para os EUA chegaram a 4 milhões de toneladas, com faturamento de 3 bilhões de dólares. Isso equivale a 15% de todo o aço importado pelos EUA, mas é bem menos que 10% da produção nacional.
No caso do alumínio, foram 147,2 milhões de dólares (R$ 850 milhões) vendidos em 2024, ou 42 mil toneladas – apenas o 14º país entre os exportadores do produto aos EUA.
Os dados são do painel de monitoramento do comércio global, mantido pela Administração de Comércio Exterior dos Estados Unidos. Para o aço, a plataforma considera a importação de planos, semiacabados, canos e tubos e outros produtos. São também calculados o alumínio bruto, em folhas e tiras, arame, barras, vergalhões, canos, peças fundidas e forjadas e acessórios.
O coordenador de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, Josemar Franco, avalia que a atual medida será desafiadora para o Brasil, especialmente sem as isenções. Isso porque, em 2018, as tarifas afetaram principalmente a China, que passou a procurar outros mercados, como o latino-americano, para vender seus produtos a preços mais baixos.
"Se os chineses continuarem agressivos em termos de preço, o Brasil vai precisar adotar medidas para conter importações, já temos visto medidas antidumping, [por exemplo]", completou.
"Condições mais difíceis para exportar é algo ruim, mas não ter condições justas nem dentro de casa é pior ainda", afirmou.
Informações: Instituto Aço Brasil e Portal DW
Edição: da Redação
Comments